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Foto: UFIL
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NOSSA SENHORA DA PIEDADE
HISTÓRICO DA FESTIVIDADE EM HONRA A Nª Sª DA
PIEDADE
A Festividade em honra a Nossa Senhora da Piedade, teve início no dia 02 de julho de 1868 com a introdução do novenário e da primeira folia em louvor a Mãe de Deus, sendo impulsionada nas últimas décadas do século XIX, introduzida pelo casal de escravos alforriados Custódia e Marçal Macêdo que após receberem a liberdade em Mazagão, transferem-se para a Vila de Igarapé do Lago e iniciam os primeiros cultos em Louvor a referida Santa. A Folia da Mãe de Deus da Piedade expressa os sentimentos mais profundos do povo Igarapé do Lago. Os cantos, os ritmos, as rezas e o próprio jaculatório de Nossa Senhora enfatizam uma forma ritualística de diálogo com Deus e a virgem Maria, entoada em forma de suplica, agradecimento e pedido de perdão, reflete a fé, o amor e a devoção de nossa gente. Referendando assim, o caráter religioso e popular da Folia da Mãe de Deus que reproduz a essência do modo simples de viver do povo do Igarapé do Lago.
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Foto: SECULT/AP Com a Bandeira Estevão - atrás José Maia- Raimundo Lau e João Arrelias - todo de branco José Abdon (Abédão) - 02.07.1979
A Festividade de Nossa Senhora da Piedade é um evento de devoção popular, unindo fé e cultura, tendo por motivação a crença na Mãe de Deus, para onde recorrem romeiros e devotos, não só para pedir, como para agradecer as incontáveis graças alcançadas. O evento preserva práticas culturais muito antigas como novenas, esmolações, as folias religiosas, batuque, procissão fluvial e bailes populares. Destacamos, Belmiro Macêdo de Medina como um dos maiores expoente desta manifestação cultural, no Igarapé do Lago, ele por mais de cinquenta anos organizou os festejos, liderou e formou grupos de foliões, promovendo a perfeita simetria de sons no batuque e possibilitando que expressões do dialeto africanos chegassem aos dias atuais proferidas durante a entoação da folia. |
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Foto: FUNCULT/PMM 02.07.1980 - Da esq. p/ dir: Todo de branco José Abdon (Abédão) - Heitor Lemos - Raimundo Lau e na frente com a bandeira Estevão do Espirito Santo |
A festividade possui uma estrutura ritualística respeitada pelos moradores, sendo o batuque o ponto principal da comemoração cultural. Os instrumentos usados no batuque são rústicos e fabricados por pessoas da própria comunidade, alguns, entretanto, existem a dezenas de anos. São três os tambores de formatos cônicos denominados de cupiúba, macacaúba e cajuna, além dos ganzás (tabocas) e o rapador. A bandeira é um símbolo, com a imagem de Nossa Senhora da Piedade, representa a fé e o respeito cristão, é ornamentada com plantas caseiras e silvestres como: cróto, bambú, samambaia e tajá. Sendo esta manuseada com bastante habilidade durante a Procissão da "Meia Lua (Procissão Fluvial)", pois segundo os antepassados ela não pode tocar na água.
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Foto: UFIL - 2010
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O grupo de foliões é composto por 35 devotos que desempenham variadas funções como: mestre-sala (cantador), mantenedor, porta-bandeira, talabarda e os percussionistas. Além, de 80 bailantes que dançam durante batuque segurando a barra da saia, dando volta e cantando o coro das músicas tiradas pelo cantador. Ademais a Festividade é realizada de modo dinâmico e festivo proporcionando aos devotos uma rica e motivadora experiência coletiva de fé e espiritualidade, com envolvimento sociocultural e religioso dos Foliões e da comunidade de Igarapé do Lago, transformando-se assim num grande espaço de interação, fé e cultura. Oportunizando aos partícipes o conhecimento e valorização da cultura local, contribuindo com preservação, fortalecimento, difusão e a manutenção deste legado cultural.
TEXTO ESCRITO POR: JOSÉ MARIA P, DIAS
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Foto:UFIL - 2010
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Da esq. p/ dir: nos Tambores: Daniel - Nil e Felipe - na fileira atrás Pedro Meireles - Pedro Lau - ? - Diego Lau ( In memorian) na última fileira: ? - José Lucas - ?