Foto: José Maria Dias - 2009
CURIOSIDADE POSSE NAZARÉ
Você
sabia que em tempos remotos a área onde está situada a fazenda Nazaré era
composta por várias posses que depois foram sendo compradas e juntaram-se em
uma só propriedade.
Veja
como era, onde está hoje a Casa da Fazenda Nazaré, tinha como primeiros
posseiros os senhores Domingos Valente Barreto e Antônio Miguel Ayres da Silva em
cuja a posse tinha como nome posse ‘São José”, registrada em 02/10/1890, após a
morte de Antônio Miguel Ayres sua parte ficou para sua esposa Catarina Barreto
da Silva e a parte de Domingos Valente Barreto ficou, após sua morte, com a sua
irmã Isabel Valente Barreto e seu esposo Francisco de Souza Vasques que
registraram 01/05/1897.
Limitando-se
com a “Posse São José”, isto é ao lado, morava o casal Domingas Rosa da
Conceição e de José da Silva de Lauro que eram proprietários da posse “São
Joaquim” que haviam registrado em 26 de junho de 1872, após suas mortes herdam
a propriedade os filhos Simão Junior da Silva, Quitéria Maria da Conceição e Vitoriana
Maria da Conceição. Sabe-se que esta posse no limiar de 1930, encontrava-se
como proprietários de da metade dessa faixa de terras, os irmão Fortunato
Ferreira do Nascimento e Joaquim Ferreira do Nascimento que ainda haviam
dividindo sua metade em duas propriedade a parte de Fortunato ficou com a
denominação de “São Joaquim” e a de Joaquim com a denominação de “São José”, os
dois irmão haviam comprado a metade da posse “São Joaquim” de Domingas Rosa da
Conceição e de José da Silva de Lauro.
Assim,
morando em uma faixa de terras encravada entre as “Posses São José e São
Joaquim morava o senhor Leocádio Coelho Barreto que havia herdado de seu sogro
a “Posse Boa Vista” em 25/06/1884 e a registrou em 25/07/1894. Sabe-se que em 19/09/1937,
a metade dessa “Posse Boa Vista” está nas mãos de Joaquim Barreto Macêdo que
vende essa propriedade para José Dionizio do Carmo. A outra metade dessa posse
foi vendida para o casal Antônio da Gama e Clementina Gama Picanço que registram
a parte que lhes pertencia dessa propriedade em 08 /01/1898 com o mesmo nome de
“Posse Boa Vista”.
Um pouco mais abaixo localizava-se a “Posse
Pouco-Durá” que tinha como proprietários o casal Felícia da Conceição Arrelias
com seu segundo esposo Zeferino Rodrigues Arrelias que registraram a
propriedade em 23/03/1895, e deixaram como herdeiros os filhos: Joaquim
Claudomiro R. Arrelias, Antônio Rodrigues Arrelias e Maria do Espirito Santo da
Conceição. É interessante destacar que antes do Falecimento de Zeferino
Rodrigues Arrelias, ele com a esposa haviam dividido a “Posse Pouco-Durá” em
três partes ficaram com uma e venderam uma parte da posse para Manoel Francisco
de Souza e outra parte por sua vez para Alberto
Barreto Bousse e sua mulher Maria Adalacia Bousse.  Foto: José Maria Dias - 1990
O SURGIMENTO DA “POSSE NAZARÉ”
Em
15 de setembro de 1930, o Coronel João Honório Alves que tinha como esposa Dona
Sidônia Corrêa Alves, compra a metade da “Posse São José”, dos herdeiros de Antônio
Miguel Ayres e esposa Catarina Barreto da Silva. Uma extensão de terras que media
duas léguas de frente por duas de fundo pouco mais ou menos. Assim, limitando-se
pela frente pela margem direita do Igarapé do Lago, pelo lado de cima pelo
Repartimento, pelo lado de baixo com o braço do Igarapé do Lago – subindo o Rio
Vila Nova até o Igarapé Limão, subindo por este até as nascentes deste,
cortando em linha reta até o dito repartimento.
Destarte,
com a intensão de expandir suas atividades agropastoris em sua propriedade, que
passou a se chamar “Posse Nazaré”, o Coronel João Honório, começou uma sucessiva
aquisição de propriedades que viria mais tarde a torná-lo no final da década de
1940, o maior proprietário de terras do Igarapé do Lago. Sua primeira aquisição
foi a “Posse São Joaquim” de Fortunato Ferreira do Nascimento e uma parte da “Posse
São José” que pertencia a Joaquim Ferreira do Nascimento, conforme consta o
memorial descritivo dessa posse que encontra-se no IMAP. Em seguida faz a
compra de uma parte da “Posse Boa Vista” que pertencia ao senhor Leocádio
Coelho Barreto. Depois em 03 de janeiro de 1938, compra como diz a escritura um
quinhão da “Posse Boa Vista” pertencente a Clementina Gama Picanço, viúva de Antônio
da Gama, tendo anteriormente já comprado uma outra parte dessa dita “Posse Boa
Vista” no dia 20 de setembro de 1937, de José Dionizio do Carmo.
 Foto: Gabriel Penha - 2019 Determinado
em ser o pioneiro na criação de Búfalo no Igarapé do Lago, tendo em vista, que
na época já era notável na criação extensiva do rebanho Bovino, além do cavalar
e de lanígeros. Assim, o Coronel João Honório parte para aquisição de uma
grande área que pertencia a vários proprietários, a “Posse Pouco-Durá”. Neste
sentido, no dia 18/10/1937 faz a compra de uma parte dessa posse do senhor Manoel
Francisco de Souza e também compra a parte que pertencia aos herdeiros de Antônio
Rodrigues Arrelias que foram representados, no ato da compra, por sua mãe Antônia
de Jesus Arrelias e para totalizar a compra do restante da “Posse Pouco-Durá”, faz
a compra da última parte dessa posse ao senhor Alberto Barreto Bousse com sua esposa
Maria Adalacia Bousse.
Aguisa
de informações, o Coronel João Honório após uma viagem na Ilha do Marajó e de
ter se certificado da resistência e da produtividade do Búfalo, então resolve
comprar cinquenta cabeças de Búfalo, segundo informações colhidas dos anciões
do Igarapé do Lago. Assim, depois de avaliar vários pontos positivos na criação
bubalina, como longevidade, fertilidade, adaptabilidade, dentre outros, resolve
fazer a opção pela raça carabao, também conhecido como búfalo rosilho, tendo Honório
levado em consideração o ambiente pantanoso, da “Fazenda Nazaré “.
Mas nem tudo foram flores, o
Coronel João Honório percebe que desde que comprou a Fazenda em 1930, sempre
aparecia um novo proprietário com algum documento que comprovava parte em
alguma posse que ele comprava. Assim, foi à Macapá e procurou o Juiz de direito
da Comarca de Macapá senhor Dr. João Gualberto de Campos – e deu entrada em 09
de fevereiro de 1932 com a solicitação da medição e demarcação de sua fazenda
“Nazaré”, situada a margem direita do Igarapé do Lago.  Foto: William Valério - 2018
Desta forma, a tramitação do
processo ocorreu e o Sr. Juiz de direito, marcou uma audiência especial para medição
e demarcação da fazenda “Nazaré no dia 13 de setembro de 1938. Os trabalhos
tiveram início ás 9:00h, na casa de propriedade e residência do Coronel João
Honório Alves, situado na Fazenda Nazaré, no Igarapé do Lago. Havendo intimado
as partes que se queixavam, então já tendo anteriormente estudo o processo
determinou que em relação a “Posse Pouco-Durá, era legitima a compra feita e
paga aos herdeiros de Zeferino Rodrigues Arrelias, no entanto, pelo fato de um
de seus herdeiros, no caso Antônio Rodrigues Arrelias ter vendido sua parte para
Estácio Picanço (falecido), faltava pagar uma pequena quantia ao seu herdeiro João
Picanço Gaia que estava presente na audiência.
Foto: José Maria Dias - 1990 Participaram dessa audiência
o Sr. Juiz de direito Dr. João Gualberto de Campos, o prefeito da Comarca de
Macapá João Pereira de Sá, o Coronel João Honório Alves - na condição de demarcante,
além de moradores do Igarapé do Lago envolvidos no processo como João Capistana
Picanço, Estácio Aurélio Picanço, José Canuto Picanço, Demétrio Lino Azevedo –
Todos estes na condição de confinantes e representantes das terras vizinhas e
circunvizinhas. Tendo, ainda, participado Bem-Hur Correa Alves, Manoel Antônio
Fernandes, Mamede Pereira da Silveira, Raimundo Gemaque, Pedro Amaro, José
Brito de Andrade e Raimundo da Silva Junior – na condição de testemunhas. Além
de ter assistido a referida audiência os senhores: José Araújo do Carmo,
Raimundo Nonato Picanço, Zeferino dos Santos Arrelias.
É importante destacar que é
citado nessa audiência, presença de diversos moradores que viviam na condição de
agregados com casas, produzindo suas culturas de mandioca, milho e abacaxi, sem
ônus para o proprietário, no qual os agregados em um contrato declaram que as
terras que cultivam pertenciam a “Fazenda Nazaré” de propriedade do Coronel
João Honório. Está primeira presença de agregados, se dar nas terras firmes
próximo aos castanhais, foi citada no memorial descritivo da posse Nazaré –
IMAP. Há outra citação de um agregado na margem do igarapé “João Pereira”, em
uma casa que morava com sua família e produzia culturas de mandioca, como
também é citado a existência de duas casas de forno e que o mesmo vivia ali com
o consentimento do proprietário.
Após,
vários anos de trabalhos agropastoris na Fazenda Nazaré, e também de ter se
decepcionado com a fuga mássica de todo o seu rebanho Bubalino que
ausentaram-se para a selva se tornaram Selvagem. O Coronel João Honório vende a
metade da Fazenda Nazaré para o senhor Tibúrcio Ribeiro de Andrade, domiciliado
no município de Macapá e residente na cidade de Belém, capital do estado do
Pará.
 Foto: Gabriel Penha - 2019
Neste sentido, o senhor
Tibúrcio Ribeiro de Andrade paga ao senhor João Honório Alves e sua mulher Dona
Sidônia Corrêa Alves a quantia de cinquenta mil cruzeiros (Cr$ 50.000.00). Pela
metade da Fazenda Nazaré, contendo uma casa edificada em madeira com os
seguintes compartimentos: sala de visitas, varanda, três quartos, despensa e
cozinha - construída de madeira de lei, coberta de telhas de barro – com assoalho
e paredes com tábuas de andiroba; além de currais com flechais de madeira de
lei, estando a toda a fazenda cercada com cerca de arame. As escrituras também
citam que a fazenda tinha no ato da compra noventa e quatro cabeças de gado
vacum – vinte sete cabeças cavalar, vinte lanígeros -15 suínos e mais moveis e
utensílios no valor de mil setecentos e noventa e um cruzeiros (Cr$ 1.791.00).
O senhor Tibúrcio Ribeiro de
Andrade, faz o registro da Fazenda Nazaré em seu nome no dia 24/05/1943. O
corte temporal de nossa pesquisa mante-se até o ano de 1945, a partir desta
data o que temos são os registros orais. Assim, sabe-se que na década de 1950
os irmão José e Luiz Lacerda compraram a “Posse Nazaré” e está continua com
seus herdeiros até os dias atuais.
Fonte: D.T.C. Livro nº 02 – Registro de Título e Documentos de Terras
– 1949. Acervo Fundiário - IMAP.
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