domingo, 28 de junho de 2020

GAROTOS DO IGARAPÉ DO LAGO - 02.02.1960


Foto: Cirilo Simões - 02.02.1960

Pessoal me ajudem a identificar essas celebridades do Igarapé do Lago, preciso fazer uma legenda na foto para que essas personalidades de nossa terra não sejam esquecidas. Conseguir identificar alguns: O segundo garoto agachado na frente é o Valdemir Paes (Bulaia). Na primeira fileira em pé da esquerda para a direita temos o Edilson Carmo (Mingau), Antonio Ataíde (Pombo Roxo), parece o Tiaguinho (esposo da Rildilma) e o Raimundo Paes (Mongó). Na fileira em seguida não reconheci ninguém e na última fileira o primeiro parece ser o José Ataíde (Pirulito), e ao lado dele parece o Adervan Lacerda, não tenho certeza, os outros não reconheci quem souber por favor me ajude a identificar.

Essa foto registra um momento históricos dos garotos do Igarapé do Lago no dia 02.02.1960. A fotografia é de Cirilo Simões, que na época era subprefeito do Igarapé do Lago. Temos a oportunidade de ver por trás dos garotos o antigo centro comunitário do Igarapé do Lago conhecido pelos moradores como barraco. Nesse espaço era realizados todos os grandes encontros da comunidade, os aniversários, as festas sociais, as rodadas de Batuque e Marabaixo, até mesmo os comícios políticos. 


domingo, 21 de junho de 2020

SOLDADO EM CAMPO DE BATALHA

Foto: José Maria Dias

Há pessoas que nascem como uma estrela sempre a brilhar, seres iluminados, anjos sem asas, guerreiros de luz, seres que espalham alegria, felicidade e amor por onde passam. Assim, podemos definir Benedito de Souza Guimaraes, Cabo B. Souza, conhecido como pescoço de Fanta, ou simplesmente como ele gostava que as pessoas o chamassem Bené ou B. Souza. São tantas as definições para nomear uma pessoa tão especial que sempre nos recebia com um sorriso no rosto ou uma nova piada para nos contar. B. Souza era um ser daqueles que a generosidade estava acima de tudo, paciente, bondoso que abria as portas de sua casa para todos que lhe procurasse, foram tantas as pessoas que este homem ajudou e algumas de certa forma criou que com certeza Deus em sua infinita bondade e justiça já reservou um espaço para ele na morada eterna.

B. Souza sempre foi um soldado em campo de batalha, motivado a servir ao próximo e a lutar pelo que ele acreditava. Um combatente que venceu muitas batalhas e lutou pela vida até o último momento e com certeza será sempre lembrado por seus parentes e amigos pelo seu sorriso, suas brincadeiras e por sua amizade. A dor é grande, a saudade nos inunda e a tristeza nos consome, mas sabemos que Deus chama seus melhores soldados para as maiores batalha e B. Souza foi escolhido para ir para o paraíso e de lá nos iluminar com sua luz.

A comunidade do Igarapé do Lago também perde mais um de seus grandes colaboradores, B. Souza embora tenha nascido em Macapá adotou o Igarapé do Lago como sua terra, tendo trabalhado mais de 15 anos de sua vida nessa Comunidade e contribuído também com seu desenvolvimento. Ajudando muito com a Festa de N. S. da Piedade na década de noventa quando era comandante da corporação da PM que atuava no Igarapé do Lago, um dos grandes entusiastas para construção do aquartelamento que existe hoje no na comunidade, tendo inclusive sugerido o espaço de formatura, e as acomodações para oficiais e praças existente dentro da unidade.

Foto: José Maria Dias

Anteriormente na década de setenta, quando B. Souza, foi comandante da corporação da PM no Igarapé do Lago, período em que a Policia Militar do Território do Amapá estava recém-criada, B. Souza sugeriu que estendesse a Jurisdição da polícia a todas as comunidades do Rio Vila Nova que pertenciam ao Munícipio de Macapá. É interessante destacar que B. Souza ajudou a fortalecer a equipe de futebol do Igarapé do Lago, jogando ao Lado do Bulaia, Josino, Waldir Paes, Baibi, Chico Bundinha, Zacarias e outros, B Souza ajudou a classificar a equipe do Igarapé do Lago para disputar pela primeira vez no Estádio Glicério Marques o torneio interdistrital, jogando na posição de zagueiro contribuiu com a equipe em 1977, para fazer grandes exibições ficando assim em terceiro lugar na competição.

                                                                                                             Foto: FUNCULT

Da esq. p/ dir.: ?  - B. Souza - Bulaia - Josino - Agachados: Chico Bundinha - Zacarias - ? - Waldir Paes.

O sorriso e a alegria de B. Souza serão imortalizados em nossos corações e nós guardaremos em nossa memória seu legado de amor e paz. Já que a saudade é eterna suas boas lembranças nos confortarão!         


quinta-feira, 11 de junho de 2020

ASPÁSIA STELA E BEN-HUR ALVES


Foto: Blogue do João Silva

“UM AMOR ESCRITO NAS ESTRELAS”

 

Ela:

Aspásia Stela Marinho Alves

    Nascida sobre a égide do signo de gêmeos no dia 25 de maio de 1922, na cidade de Chaves, era filha do casal Waldemar da Silva Marinho e Raimunda Neri Marinho. Aspásia causou-se pela primeira vez, ainda bem jovem, com senhor Horácio Mendes Ferreira com quem concebera os filhos: Horácio e Ernani. Após a morte de seu marido Aspásia resolve sair de sua terra natal e tentar a vida no recém criado território do Amapá, chegou em Macapá, no dia 12 de fevereiro de 1946.

Foto mais antiga: Osmar Marinho

    Assim, com pouco mais de um ano depois, Aspásia é nomeada na Divisão de Educação pelo Governador Janary Nunes, no dia 12 de abril de 1947, como extranumerária mensalista designada para desenvolver a função de Professora auxiliar referencia IX, com exercício na escola Isolada Mista do Igarapé do Lago. Neste sentido, chega no Igarapé do Lago no dia 01 de março de 1948, iniciando suas atividades docentes no dia 04 de março do mesmo ano, momento este que ocorreu a inauguração da escola da comunidade, sendo Aspásia Stela a primeira professora a atuar no sistema regular de ensino do Igarapé do Lago.  

Fonte: Biblioteca Elcy Lacerda

Ele:

Ben-Hur Correa Alves

    Nasceu sobre a égide do signo de sagitário no dia 07 de dezembro de 1914, no Estado de Pernambuco, filho do Coronel João Honório Alves e Dona Sidônia Corrêa Alves, chegou no Igarapé do Lago ainda adolescentes em 15 de setembro de 1930, dia em que seu pai faz a compra da “Fazenda Nazaré”, uma grande extensão de terras que tornaria em alguns anos depois, o Coronel João Honorário um dos mais bem sucedido fazendeiros da localidade.

Herdeiro nato da propriedade, quando seus pais se transferem para Belém do Pará em 1943, o destino quis que Ben-Hur fizesse a opção em permanecer na localidade.  Assim, quando Aspásia Stela chega ao Igarapé do Lago em 1948, Ben-hur era proprietário da metade da Fazenda Nazaré e também era um dos maiores comerciante da localidade, além de ser uma das grandes lideranças sociais da Comunidade.

 

A UNIÃO MATRIMONIAL

  

Assim sobre a cumplicidade da mãe natureza iniciam as primeiras trocas de olhares, as primeiras conversas, o primeiro encanto. E aquela amizade, gradativamente vai crescendo até transformasse em um grande amor, que sob o céu estrelado do Igarapé do Lago ocorre o primeiro toque na mão, os olhares que se entrelaçam e surgia ali o primeiro beijo.

Com personalidade firme, reservada e discreta a geminiana vai gradativamente conquistado o coração do talentoso e elegante sagitariano.  Assim, esse amor que estavas escrito nas estrelas se consolida pela confiança e cumplicidade no enlace matrimonial do casal Ben-Hur e Aspásia Stela.

Fonte: Biblioteca Elcy Lacerda

Neste sentido, conforme publicado no Jornal “Amapá” edição N° 208, Anno IV, fl. 03 do dia 05 de Março de 1949 na coluna Proclamas de Casamento, o oficial do registro civil da Comarca de Macapá, Sr. Jaci Barata Jucá expedi o edital de proclamas no dia 18 de fevereiro de 1949. Com habilitação do casamento sendo publicada no Jornal “Amapá, edição N° 211 – Anno V – Fl. 03 do dia 26 de Março de 1949.


Foto: Blogue Tribuna Amapaense


    Assim, da união do casal Aspásia Stela e Ben-Hur Alves nasceria os filhos: Stela (in memoriam), Maria José, Carlos Hamilton, Roberto e Tereza Norma. Aspásia Stela trabalhou por mais de vinte anos no Igarapé do Lago, deixando um legado grandioso de vários alunos da comunidade que se formaram professores seguindo os passos da mestra visionaria e desbravadora da educação da Localidade.
Foto: Blogue Porta retrato

Ben-Hur e o primeiro que aparece segurando uma pasta

Como em um conto de fadas, quando Aspásia foi transferida para Macapá é lotada na escola Barão do Rio Branco para continuar no exercício da docência. Ben-Hur sem pensar em mais nada, vende sua fazenda e seu comércio no Igarapé do Lago e transfere-se com a esposa para Macapá, vindo a Trabalhar como escriturário no Cartório Juca. Vivendo, então, feliz ao lado de seu amor e no convívio de seus filhos, em sua casa, na Rua São José com Raimundo Álvares da Costa. Retornou algumas vezes no Igarapé do Lago a passeio, mas feliz sua vida feliz ao lado da mulher que ele sempre amou, Aspásia Stela.

“UM AMOR ESCRITO NAS ESTRELAS”

Foto: Blogue Tribuna Amapaense



 

 


DANÇARINAS DO BATUQUE DO IGARAPÉ DO LAGO


Foto: SECULT/AP

DANÇARINAS

 A efervescência de nossa cultura não teria o mesmo significado nem o mesmo brilho, sem a participação de nossas dançarinas que sob o banzo de nossas manifestações afro-amapaenses exibem com maestria o nostálgico canto das senzalas. Arrastando os pés como se ainda estivessem atados sobre as correntes e os grilhões, relembram um passado de dor, angústia e sofrimento, que a história nunca poderá apagar as tristes marcas de uma luta cruel em que o negro grafou com seu própria sangue as marcas de sua liberdade.

Foto: SECULT/AP

“Mulata bonita leva ceia ao teu senhor

E não vai dizer que cativeiro te enganou”

 

Foto: SECULT/AP

Sob as saias longas rodadas e coloridas com suas blusas estampadas, revela-se a história de luta e resistência de nossas negras, valentes guerreira que foram determinantes para consolidação de nossa cultura. Nosso batuque do Igarapé do Lago nunca poderá esquecer nossas grandes mulheres que no passado se notabilizaram dançando o nosso batuque, dentre elas: Antônia Ribeiro, Piedade Macêdo, Joana Lau, Josefa Lau (Zezinha), Everaldina Esteves, Marcelina Macêdo (Morena), Marieta Arrelias, Antônia Caprestana, Joana Arrelias, Maria Esperança (Dedé), Felísia Lemos ( Lelè), Venina Barreto, Maria Eunice, Maria Picanço (Mª do Neto), Maria Líbia, etc.  

Foto: SECULT/AP

Nossas dançarinas mantêm viva as chamas da fé e devoção a Nª. Sª. da Piedade, sendo inclusive em 2010 as personagens principais de um documentário intitulado “As escravas da Mão de Deus”, gravado no Igarapé do lago durante os festejos alusivos a Nª. Sª. da Piedade, com Direção de Áurea Pinheiro e Cássia Moura é uma produção que teve o apoio do  IPHAN/CNFCP. Assim, nossas homenagens vão para todas essas mulheres que ajudam a fazer de nosso Batuque uma das maiores expressões da cultura afro-amapaense.


sábado, 6 de junho de 2020

MOÇAS DO IGARAPÉ DO LAGO

Foto: Cirilo Simões


Momento histórico registrado por Cirilo Simões durante os festejos alusivos ao Divino Espirito Santo em 02.02.1960. É interessante destacar que nesse dia ocorreu também a inauguração da primeira Usina de Força e Luz, no Igarapé do Lago, esse evento marca o desperta do progresso na Comunidade que vivia na penumbra do esquecimento até a chegada do Governo Janary Nunes, que inicia uma sequência de visitas dele com a sua comitiva governamental, o que continua com os governantes que lhe sucederam.

Essa imagem deixa nítido no próprio semblantes das moças e crianças a grande expectativa que tinham com a melhoria da qualidade de vida no Igarapé do Lago. Além de destacar as moças das principais famílias do Igarapé do Lago, na época. Como filha do casal Lázaro Macêdo e Joana Lau (Natalina), Filhas da Dona Beata (Julieta e Domingas), Astrogildo Freitas e Chiquinha Paes (Maria da Luz), Raimundo Ataíde e Everaldina Esteves ( Elita e Irecê), Benedito Fialho e Piedade Macêdo ( Anésia),  Domingos Paulo e Isabel Queiroz (Deusarina), Raimundo Paes e Antônia Ribeiro (Tereza), além dos familiares das crianças que não conseguimos identificar.

Assinatura de Cirilo Simões


quarta-feira, 3 de junho de 2020

CURIOSIDADES SOBRE A POSSE NAZARÉ



Foto: José Maria Dias - 2009

CURIOSIDADE POSSE NAZARÉ

 

Você sabia que em tempos remotos a área onde está situada a fazenda Nazaré era composta por várias posses que depois foram sendo compradas e juntaram-se em uma só propriedade.

Veja como era, onde está hoje a Casa da Fazenda Nazaré, tinha como primeiros posseiros os senhores Domingos Valente Barreto e Antônio Miguel Ayres da Silva em cuja a posse tinha como nome posse ‘São José”, registrada em 02/10/1890, após a morte de Antônio Miguel Ayres sua parte ficou para sua esposa Catarina Barreto da Silva e a parte de Domingos Valente Barreto ficou, após sua morte, com a sua irmã Isabel Valente Barreto e seu esposo Francisco de Souza Vasques que registraram 01/05/1897.

Limitando-se com a “Posse São José”, isto é ao lado, morava o casal Domingas Rosa da Conceição e de José da Silva de Lauro que eram proprietários da posse “São Joaquim” que haviam registrado em 26 de junho de 1872, após suas mortes herdam a propriedade os filhos Simão Junior da Silva, Quitéria Maria da Conceição e Vitoriana Maria da Conceição. Sabe-se que esta posse no limiar de 1930, encontrava-se como proprietários de da metade dessa faixa de terras, os irmão Fortunato Ferreira do Nascimento e Joaquim Ferreira do Nascimento que ainda haviam dividindo sua metade em duas propriedade a parte de Fortunato ficou com a denominação de “São Joaquim” e a de Joaquim com a denominação de “São José”, os dois irmão haviam comprado a metade da posse “São Joaquim” de Domingas Rosa da Conceição e de José da Silva de Lauro.

Assim, morando em uma faixa de terras encravada entre as “Posses São José e São Joaquim morava o senhor Leocádio Coelho Barreto que havia herdado de seu sogro a “Posse Boa Vista” em 25/06/1884 e a registrou em 25/07/1894. Sabe-se que em 19/09/1937, a metade dessa “Posse Boa Vista” está nas mãos de Joaquim Barreto Macêdo que vende essa propriedade para José Dionizio do Carmo. A outra metade dessa posse foi vendida para o casal Antônio da Gama e Clementina Gama Picanço que registram a parte que lhes pertencia dessa propriedade em 08 /01/1898 com o mesmo nome de “Posse Boa Vista”.  

Um pouco mais abaixo localizava-se a “Posse Pouco-Durá” que tinha como proprietários o casal Felícia da Conceição Arrelias com seu segundo esposo Zeferino Rodrigues Arrelias que registraram a propriedade em 23/03/1895, e deixaram como herdeiros os filhos: Joaquim Claudomiro R. Arrelias, Antônio Rodrigues Arrelias e Maria do Espirito Santo da Conceição. É interessante destacar que antes do Falecimento de Zeferino Rodrigues Arrelias, ele com a esposa haviam dividido a “Posse Pouco-Durá” em três partes ficaram com uma e venderam uma parte da posse para Manoel Francisco de Souza  e outra parte por sua vez para Alberto Barreto Bousse e sua mulher Maria Adalacia Bousse.


Foto: José Maria Dias - 1990 


O SURGIMENTO DA “POSSE NAZARÉ”

 Em 15 de setembro de 1930, o Coronel João Honório Alves que tinha como esposa Dona Sidônia Corrêa Alves, compra a metade da “Posse São José”, dos herdeiros de Antônio Miguel Ayres e esposa Catarina Barreto da Silva. Uma extensão de terras que media duas léguas de frente por duas de fundo pouco mais ou menos. Assim, limitando-se pela frente pela margem direita do Igarapé do Lago, pelo lado de cima pelo Repartimento, pelo lado de baixo com o braço do Igarapé do Lago – subindo o Rio Vila Nova até o Igarapé Limão, subindo por este até as nascentes deste, cortando em linha reta até o dito repartimento.

Destarte, com a intensão de expandir suas atividades agropastoris em sua propriedade, que passou a se chamar “Posse Nazaré”,   o Coronel João Honório, começou uma sucessiva aquisição de propriedades que viria mais tarde a torná-lo no final da década de 1940, o maior proprietário de terras do Igarapé do Lago. Sua primeira aquisição foi a “Posse São Joaquim” de Fortunato Ferreira do Nascimento e uma parte da “Posse São José” que pertencia a Joaquim Ferreira do Nascimento, conforme consta o memorial descritivo dessa posse que encontra-se no IMAP. Em seguida faz a compra de uma parte da “Posse Boa Vista” que pertencia ao senhor Leocádio Coelho Barreto. Depois em 03 de janeiro de 1938, compra como diz a escritura um quinhão da “Posse Boa Vista” pertencente a Clementina Gama Picanço, viúva de Antônio da Gama, tendo anteriormente já comprado uma outra parte dessa dita “Posse Boa Vista” no dia 20 de setembro de 1937, de José Dionizio do Carmo.



Foto: Gabriel Penha - 2019

Determinado em ser o pioneiro na criação de Búfalo no Igarapé do Lago, tendo em vista, que na época já era notável na criação extensiva do rebanho Bovino, além do cavalar e de lanígeros. Assim, o Coronel João Honório parte para aquisição de uma grande área que pertencia a vários proprietários, a “Posse Pouco-Durá”. Neste sentido, no dia 18/10/1937 faz a compra de uma parte dessa posse do senhor Manoel Francisco de Souza e também compra a parte que pertencia aos herdeiros de Antônio Rodrigues Arrelias que foram representados, no ato da compra, por sua mãe Antônia de Jesus Arrelias e para totalizar a compra do restante da “Posse Pouco-Durá”, faz a compra da última parte dessa posse ao senhor Alberto Barreto Bousse com sua esposa Maria Adalacia Bousse.

Aguisa de informações, o Coronel João Honório após uma viagem na Ilha do Marajó e de ter se certificado da resistência e da produtividade do Búfalo, então resolve comprar cinquenta cabeças de Búfalo, segundo informações colhidas dos anciões do Igarapé do Lago. Assim, depois de avaliar vários pontos positivos na criação bubalina, como longevidade, fertilidade, adaptabilidade, dentre outros, resolve fazer a opção pela raça carabao, também conhecido como búfalo rosilho, tendo Honório levado em consideração o ambiente pantanoso, da “Fazenda Nazaré “.  

Mas nem tudo foram flores, o Coronel João Honório percebe que desde que comprou a Fazenda em 1930, sempre aparecia um novo proprietário com algum documento que comprovava parte em alguma posse que ele comprava. Assim, foi à Macapá e procurou o Juiz de direito da Comarca de Macapá senhor Dr. João Gualberto de Campos – e deu entrada em 09 de fevereiro de 1932 com a solicitação da medição e demarcação de sua fazenda “Nazaré”, situada a margem direita do Igarapé do Lago.


Foto: William Valério - 2018

Desta forma, a tramitação do processo ocorreu e o Sr. Juiz de direito, marcou uma audiência especial para medição e demarcação da fazenda “Nazaré no dia 13 de setembro de 1938. Os trabalhos tiveram início ás 9:00h, na casa de propriedade e residência do Coronel João Honório Alves, situado na Fazenda Nazaré, no Igarapé do Lago. Havendo intimado as partes que se queixavam, então já tendo anteriormente estudo o processo determinou que em relação a “Posse Pouco-Durá, era legitima a compra feita e paga aos herdeiros de Zeferino Rodrigues Arrelias, no entanto, pelo fato de um de seus herdeiros, no caso Antônio Rodrigues Arrelias ter vendido sua parte para Estácio Picanço (falecido), faltava pagar uma pequena quantia ao seu herdeiro João Picanço Gaia que estava presente na audiência.


Foto: José Maria Dias - 1990

Participaram dessa audiência o Sr. Juiz de direito Dr. João Gualberto de Campos, o prefeito da Comarca de Macapá João Pereira de Sá, o Coronel João Honório Alves - na condição de demarcante, além de moradores do Igarapé do Lago envolvidos no processo como João Capistana Picanço, Estácio Aurélio Picanço, José Canuto Picanço, Demétrio Lino Azevedo – Todos estes na condição de confinantes e representantes das terras vizinhas e circunvizinhas. Tendo, ainda, participado Bem-Hur Correa Alves, Manoel Antônio Fernandes, Mamede Pereira da Silveira, Raimundo Gemaque, Pedro Amaro, José Brito de Andrade e Raimundo da Silva Junior – na condição de testemunhas. Além de ter assistido a referida audiência os senhores: José Araújo do Carmo, Raimundo Nonato Picanço, Zeferino dos Santos Arrelias.

É importante destacar que é citado nessa audiência, presença de diversos moradores que viviam na condição de agregados com casas, produzindo suas culturas de mandioca, milho e abacaxi, sem ônus para o proprietário, no qual os agregados em um contrato declaram que as terras que cultivam pertenciam a “Fazenda Nazaré” de propriedade do Coronel João Honório. Está primeira presença de agregados, se dar nas terras firmes próximo aos castanhais, foi citada no memorial descritivo da posse Nazaré – IMAP. Há outra citação de um agregado na margem do igarapé “João Pereira”, em uma casa que morava com sua família e produzia culturas de mandioca, como também é citado a existência de duas casas de forno e que o mesmo vivia ali com o consentimento do proprietário.

Após, vários anos de trabalhos agropastoris na Fazenda Nazaré, e também de ter se decepcionado com a fuga mássica de todo o seu rebanho Bubalino que ausentaram-se para a selva se tornaram Selvagem. O Coronel João Honório vende a metade da Fazenda Nazaré para o senhor Tibúrcio Ribeiro de Andrade, domiciliado no município de Macapá e residente na cidade de Belém, capital do estado do Pará. 


Foto: Gabriel Penha - 2019

Neste sentido, o senhor Tibúrcio Ribeiro de Andrade paga ao senhor João Honório Alves e sua mulher Dona Sidônia Corrêa Alves a quantia de cinquenta mil cruzeiros (Cr$ 50.000.00). Pela metade da Fazenda Nazaré, contendo uma casa edificada em madeira com os seguintes compartimentos: sala de visitas, varanda, três quartos, despensa e cozinha - construída de madeira de lei, coberta de telhas de barro – com assoalho e paredes com tábuas de andiroba; além de currais com flechais de madeira de lei, estando a toda a fazenda cercada com cerca de arame. As escrituras também citam que a fazenda tinha no ato da compra noventa e quatro cabeças de gado vacum – vinte sete cabeças cavalar, vinte lanígeros -15 suínos e mais moveis e utensílios no valor de mil setecentos e noventa e um cruzeiros (Cr$ 1.791.00).

O senhor Tibúrcio Ribeiro de Andrade, faz o registro da Fazenda Nazaré em seu nome no dia 24/05/1943. O corte temporal de nossa pesquisa mante-se até o ano de 1945, a partir desta data o que temos são os registros orais. Assim, sabe-se que na década de 1950 os irmão José e Luiz Lacerda compraram a “Posse Nazaré” e está continua com seus herdeiros até os dias atuais.

 

Fonte: D.T.C. Livro nº 02 – Registro de Título e Documentos de Terras – 1949. Acervo Fundiário - IMAP. 








terça-feira, 2 de junho de 2020

IGARAPÉ DO LAGO DIVISÃO JUDICIÁRIA E SUBDISTRITAL




Fonte: Arquivo Público do Pará

Você sabia?

O Igarapé do Lago desde do início do primeiro quartel do século XX, ocupava posição de destaque, quanto a circunscrição judiciária, sendo inclusive citado pelo governo do Estado do Pará no quesito Divisão Judiciaria e mencionado nos “Relatórios dos presidentes dos Estados Brasileiros” como 6ª circunscrição judiciária do município de Macapá. Neste sentido, o “Jornal do Comércio” de Manaus do dia 03.08.1922, na edição N° 6554 – Anno XIX – Fl. 01, informa a nomeação do Sr.  João Batista de Azevedo Picanço, para exercer provisoriamente a função de Tabelião e escrivão da 6ª circunscrição (Igarapé do Lago). Assim, fora nomeado como suplentes os Srs. Capitão Raimundo Picanço e Elias Pires Nunes, que acredita-se que houve um erro de grafia no sobrenome que ao invés de ser “Pires” supõem-se que seja “Peres”, pois no Rio Vila Nova na entrada do Igarapé do Lago, havia nessa época um dito Elias Peres Nunes que havia comprado do Major Jacinto Salgado Alves Coelho a posse “Igarapé do Lago, cujo o local dessa propriedade era conhecido pelo povo da localidade como Boca do Lago. Analisando-se do ponto de vista da localização faz sentido pois esse senhor morava no Início do Igarapé do Lago parte sul, enquanto que Raimundo Picanço morava no extremo norte do Igarapé do Lago e assim certamente ficaria mais fácil manter o controle em toda a jurisdição territorial do Igarapé do Lago.   

Fonte: Biblioteca Nacional

   

Nas edições C00081 de 1925, C00086 de 1930 do Almanak Laemmert, aparece na planilha da Divisão Judiciária e administrativa do Estado do Pará relacionado a Município/ Distritos e Circunscrições, consta o Igarapé do Lago na jurisdição do Município de Macapá. Indicado como 6ª circunscrição do território do Amapá. 


Fonte: Biblioteca Nacional

Saiba mais

        Para cumprir o que preconizava o decreto-lei n° 7578 de 23 de maio de 1945, que estabelecia a divisão administrativa e judiciária do Território Federal do Amapá, assinado pelo presidente Getúlio Vargas e publicado no diário oficial da união do dia 25 de julho de 1945 - Determinando que o Governador do Território dividisse os Distritos Municipais em Subdistritos.  O governado Janary Nunes - publicou na edição n° 22 – Ano I – Páginas 3 e 4 do jornal “Amapá”  de 18 de agosto de 1945 os decretos n° 31 de agosto de 1945 e o decreto n° 29 também de 10 de agosto de 1945. Esses decretos estabelecem que o Município de Macapá ficaria dividido em 4 subdistritos: Macapá, Macacoari, Pedreira e Igarapé do Lago. No qual a subdivisão do Subdistrito de Macapá com o Subdistrito do Igarapé do Lago começava no talvegue do Rio amazonas confronte a foz do braço de cima do Rio Matapi, seguia pelo álveo do referido rio, deixando para Macapá a Ilha de Santana, até sua nascente, e desta por uma reta até a divisa entre os distritos de Macapá e Ferreira Gomes. Ficando o Igarapé do Lago como uma dessas sede dos subdistritos. 







PERSONALIDADES DO IGARAPÉ DO LAGO

RETROSPECTIVA DA FESTIVIDADE DE NOSSA SENHORA DA PIEDADE

 

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